Resolvi escrever esse tópico em função de estarmos nas últimas semanas acompanhando toda a situação que está ocorrendo na Líbia.
Como é comum nos conflitos países árabes, somos bombardeados de imagens e informações pontuais dos confrontos armados, mas somos pouco esclarecidos sobre as motivações históricas que levam a ocorrência de tais eventos. Nesse sentido resolvi esclarecer um pouco dessa situação para quem lê esse blog.
A Líbia é um país do Norte da África riquíssimo em petróleo. A riqueza gerada com o petróleo faz com que PIB per-capita da Líbia seja o mais alto da região (14.580 dólares). Eis aí parte do problema da Líbia (e de outros países árabes), pois o mesmo petróleo que traz riquezas, também traz a cobiça daqueles que mais consomem esse mineral, como as grandes potências do Ocidente (EUA, França, Alemanha, Itália, Espanha). As grandes potências do Ocidente buscam que os governos locais sejam fiéis a seus interesses na região. Por esse motivo, na atual conjuntura, é importante tirar Muammar Kadafi do poder.
Entretanto, é importante que se diga, Muammar Kadafi, nos últimos anos, havia se tornado um aliado americano na região. Embora Kadafi tenha assumido o poder na Líbia durante a Guerra Fria (em 1969), derrubando a monarquia do rei Idris I, com o apoio da antiga União Soviética, ele tem se aproximado dos líderes políticos ocidentais desde o fim do regime socialista no leste europeu. Kadafi, que durante a Guerra Fria patrocinou vários atentados ao Ocidente, se aproximou das potências ocidentais tendo em vista superar o isolamento que restou à Líbia com o fim da União Soviética. Com uma riqueza gigantesca em petróleo, a Líbia voltou a ser bem vista no cenário internacional do Ocidente, e Kadafi deixou de ser visto como um grande inimigo.
O estouro das revoltas propagadas pelas redes sociais contra os regimes ditatoriais nos países árabes - que diga-se de passagem eram apoiados pelo Ocidente - derrubou os presidentes da Tunísia e Egito, e fragilizou o regime de Kadafi, que passou a perder o apoio das potências ocidentais. A OTAN, organização militar que une os exércitos das potências do Ocidente, é chamada a atuar na Líbia com vistas a derrubar Kadafi do poder. Entretanto, não é a retomada da democracia na Líbia o principal motivo de mobilização militar do Ocidente na região. O motivo maior é retomar, através da construção de um governo parceiro na região, o controle sobre as reservas de petróleo locais.
O grande dilema para população líbia se torna o seguinte: ficar sob o regime ditatorial e repressor de Muammar Kadafi, ou abrir as portas para o Ocidente tomar conta das riquezas do país (como já ocorreu com o Iraque)?
Nesse sentido me lembrei de uma música do Engenheiros do Hawaii
"O melhor esconderijo, a maior escuridão
Já não servem de abrigo, já não dão proteção
A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus
O poder, o pudor, os lábios e o batom
Que a chuva caia
Como uma luva
Um diluvio
Um delírio
Que a chuva traga
Alivio imediato
Que a noite caia
De repente caia
Tão demente
Quanto um raio
Que a noite traga
Alivio imediato"
2 comentários:
Muito bom este texto, Felipe.
Abraço
É sempre bom saber os reais fatos. Mas, se não é estupidez a minha pensar isso, democracia ou ditadura, a exploração continua sobre o povo. Resta pensar se o povo quer ser explorado sem saber ou sabendo.
Valeu Felipe, bjo.
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